| 29/10/2008 03h29min
Difícil imaginar um Guiñazu tranqüilão, sossegadão. Desta vez, porém, ele chegou perto. Nos últimos 27 dias em que ficou se recuperando da luxação no cotovelo esquerdo, o argentino recarregou as baterias ao lado da família e retorna hoje cheio de vontade contra o Náutico, no Beira-Rio.
A lesão não exatamente aumentou o tempo de convívio em casa. Desde 2 de outubro, um dia após a lesão contra o Universidad Católica, no Beira-Rio, ele fazia fisioterapia em dois turnos no estádio. Como não sofria o desgaste natural dos treinos físicos e com bola, aproveitava o horário do almoço e o final da tarde para brincar com os filhos nas quadras de lazer do seu condomínio, no bairro Três Figueiras, zona norte da Capital.
Com o pequeno Lucas, dois anos, Guiñazu descia com a mulher Érika ou com uma das duas babás para mimar o caçula nas pracinhas do prédio. A ajuda feminina era necessária porque Guiñazu não administrava as peripécias do pequeno com o braço
imobilizado.
O mais velho, Mathias, sete
anos, aquele que convenceu o pai a recusar transferência milionária para os Emirados Árabes e permanecer no Beira-Rio, poupou Guiñazu das partidas de tênis. Ainda assim, pedia para bater uma bolinha na quadra de grama sintética. Foi lá que, no fim de semana anterior ao jogo do Inter com o Boca Juniors, o condomínio realizou um campeonato interno de futebol cinco. Os vizinhos lamentaram a lesão de Guiñazu. O craque estaria fora.
— Eles falavam: “tu deverias ser técnico” — contou ontem pela manhã, enquanto passeava pela quadra.
Guiñazu ficou apenas na torcida, aproveitou o galeto daquela noite de sábado e o churrasco de domingo, depois das finais. Torcer pelo Inter fora de campo também foi o que restou nos dias de ócio. Acompanhou a derrota para o Coritiba e os empates com o Goiás e o Atlético-MG pela televisão de casa. Assistiu ao vivo no Beira-Rio às vitórias sobre Atlético-PR e Boca Juniors. Queria estar próximo aos companheiros, mas só sentiu-se reintegrado
na segunda-feira à
tarde, quando voltou com força total aos treinos. Na volta para casa, com o zagueiro e vizinho Orozco comentou:
— Como é bom voltar a sentir esse cansaço, suar assim.
Essa entrega à profissão e ao time é que transformaram Guiñazu em ídolo. Contra o Náutico, garante, “dará a vida” no gramado. E ele afirma que retorna com o objetivo de conquistar o título da Copa Sul-Americana e, sim, chegar à Libertadores.
— Mas eu acredito mesmo, não é da boca para fora — assegura o guerreiro, principal atração na equipe do Inter contra o Náutico.
ZERO HORA